de súbito me pedes
para ser concreto
alicerces
paredes
e teto
portas invioláveis
janelas encerradas
mentiras irrefutáveis
fobias escancaradas
datas e ditos
gostos e gestos
odiosos de tão amáveis
lembranças
de esquecimento
mudanças de horário
festas de aniversário
pedidos de casamento
...
sinto muito
mas neste momento
prefiro ser o vento
fotografia indecifrável
arte ou coisa diferente
sob lentes quem explica?
tudo é nada coerente
que silentes amplifica
cores mudas quase ausentes
nada aqui se justifica
se poesia assim fabrica
quem sabe o que significa?
sob lentes quem explica?
tudo é nada coerente
que silentes amplifica
cores mudas quase ausentes
nada aqui se justifica
se poesia assim fabrica
quem sabe o que significa?
espíritos crípticos
encerrados no papel
meus escritos mais bonitos
em algum lugar ao léu
em tinta encarnada
coisa assim
esperado ser ressuscitada
é tanto tudo e quase nada
se for poesia
um dia vai ser lembrada
meus escritos mais bonitos
em algum lugar ao léu
em tinta encarnada
coisa assim
esperado ser ressuscitada
é tanto tudo e quase nada
se for poesia
um dia vai ser lembrada
lírico líquido
vem o sol secar a chuva
e o vapor tem cheirinho de terra
o que me lembra alguma infância
num cantinho do quintal
ainda brinco de ser livre
feito espírito d'água
que se move como água
que precipita e evapora
em alegrias e mágoas
e o vapor tem cheirinho de terra
o que me lembra alguma infância
num cantinho do quintal
ainda brinco de ser livre
feito espírito d'água
que se move como água
que precipita e evapora
em alegrias e mágoas
em razão do alvorecer
cadê a vírgula
que viria antes do dia?
amanheceu
assim de súbito
como se a manhã já fosse
ontem
e hoje fosse
mais um susto
sim
a noite teve fim
ao menos para mim
que vi no sol
um imenso ponto final
que viria antes do dia?
amanheceu
assim de súbito
como se a manhã já fosse
ontem
e hoje fosse
mais um susto
sim
a noite teve fim
ao menos para mim
que vi no sol
um imenso ponto final
ecos do fim
vez por outra
se procura
quem te encontra
e o que te conta
então te diz
que não dá
pra ser feliz
vez em quando
te aninhas
noutras camas
mais sozinhas
não as minhas
hora ou outra
vem bater
à minha porta
me pedir
o que não tem
nem terá volta
se procura
quem te encontra
e o que te conta
então te diz
que não dá
pra ser feliz
vez em quando
te aninhas
noutras camas
mais sozinhas
não as minhas
hora ou outra
vem bater
à minha porta
me pedir
o que não tem
nem terá volta
sentimento remetente
daqui te envio liras
ainda que sejam tuas
todas palavras minhas
daqui remeto linhas
ainda que se leiam teias
ainda que se leiam ruas
ainda que se leiam veias
que de sangue e vinho
é que fiz o meu caminho
distendido em fios de ouro
lembrando teus cabelos
ou teus tantos outros belos
que compõem meu tesouro
ainda que sejam tuas
todas palavras minhas
daqui remeto linhas
ainda que se leiam teias
ainda que se leiam ruas
ainda que se leiam veias
que de sangue e vinho
é que fiz o meu caminho
distendido em fios de ouro
lembrando teus cabelos
ou teus tantos outros belos
que compõem meu tesouro
onde menos é mais
amar pode ser algema
chicote pode ser fetiche
escravos sempre somos
libertos não contentamos
chicote pode ser fetiche
escravos sempre somos
libertos não contentamos
rainha branca
lagarta de luz que te adentra
invento de venta te centra
um tiro de brilho no espírito
um flash no lábio dormente
um feixe de sol na narina
das folhas sagradas andinas
dos incas que sabia(mente)
dos índios que cantam bolívia
por chlile peru ou colômbia
são sempre muralhas da china
invento de venta te centra
um tiro de brilho no espírito
um flash no lábio dormente
um feixe de sol na narina
das folhas sagradas andinas
dos incas que sabia(mente)
dos índios que cantam bolívia
por chlile peru ou colômbia
são sempre muralhas da china
cine cinério
cenas no fim
da estrofe
penas
findadas em verso
poemas
guardados no cofre
no alvo
debaixo às costelas
no peito
daquele que sofre
demasiadas
mazelas
da estrofe
penas
findadas em verso
poemas
guardados no cofre
no alvo
debaixo às costelas
no peito
daquele que sofre
demasiadas
mazelas
entre o beco e o baco
dos lábios vinha
sabor de uva
lembrança minha
meus olhos de chuva
para Cláudia Gonçalves
sabor de uva
lembrança minha
meus olhos de chuva
para Cláudia Gonçalves
lobo em pele de lua
pastor de estrelas
nos campos da lira
o poeta se espanta
e se inspira
desgarradas cadentes
são sempre bem vindas
poemas são mesmo
estrelas caídas
nos campos da lira
o poeta se espanta
e se inspira
desgarradas cadentes
são sempre bem vindas
poemas são mesmo
estrelas caídas
cantando de galo
que pensa que letra
que leia que linha
que linha que veia
que sangue de vinha
palavra que lava
que lavra sozinha
pulsando na lira
que mira que tinha
que rima que canta
que tanta que minha
palavra que alvo
que salvo da rinha
que leia que linha
que linha que veia
que sangue de vinha
palavra que lava
que lavra sozinha
pulsando na lira
que mira que tinha
que rima que canta
que tanta que minha
palavra que alvo
que salvo da rinha
lume na lâmina
rima por vez
vez por verso
pele por tez
e o corte se fez
teatro de letras
álgidas quis
flor por lótus
lótus por lis
palavra por arte
atroz por atriz
vez por outra
razão por raiz
contra por invés
trás por um tris
escrava palavra
por vez cicatriz
vez por verso
pele por tez
e o corte se fez
teatro de letras
álgidas quis
flor por lótus
lótus por lis
palavra por arte
atroz por atriz
vez por outra
razão por raiz
contra por invés
trás por um tris
escrava palavra
por vez cicatriz
banquete de algas
ser
de areia
de sal
de mar
de peixe
feixe
de ex
camas
de lume
e limo
rimo +
é com
sereia
mas se
sabe
cabe
menos
nessa
ceia
de areia
de sal
de mar
de peixe
feixe
de ex
camas
de lume
e limo
rimo +
é com
sereia
mas se
sabe
cabe
menos
nessa
ceia
blackout
feito fenda que se rasga
nos tecidos da tua fala
o que foi dito não escrito
no poema que se cala
feito vida que se apaga
feito luz de sol na sala
o que omito e acredito
já não vale nem a chaga
nos tecidos da tua fala
o que foi dito não escrito
no poema que se cala
feito vida que se apaga
feito luz de sol na sala
o que omito e acredito
já não vale nem a chaga
luneta
nalguma lua
a grav(idade)
se anula
despe
do corpo
imenso peso
mantém
o espírito aceso
desperta alma
leve nua
caso
o poeta a possua.
a grav(idade)
se anula
despe
do corpo
imenso peso
mantém
o espírito aceso
desperta alma
leve nua
caso
o poeta a possua.
percepção
vida que se vê
nos olhos desertos
da boneca
sempre abertos
é fácil perceber
a infância está por perto.
nos olhos desertos
da boneca
sempre abertos
é fácil perceber
a infância está por perto.
asa à cobra
guiso
fácil riso
amor assim
preciso
raso
fluido
sem sonhar ser paraíso
leve
assim mesmo
como se deve
amor de ave
e não de eva
amor de luz
amando a treva.
fácil riso
amor assim
preciso
raso
fluido
sem sonhar ser paraíso
leve
assim mesmo
como se deve
amor de ave
e não de eva
amor de luz
amando a treva.
reflexos de ausência
essa procura
cansa
de tanto te encontrar perdido
iludido
e te ver assim
tão parecido comigo
o que carece
não se esquece de estar
e ser
tudo aquilo
que os olhos não podem ver.
cansa
de tanto te encontrar perdido
iludido
e te ver assim
tão parecido comigo
o que carece
não se esquece de estar
e ser
tudo aquilo
que os olhos não podem ver.
tarde demais pra ser covarde
a noite teço
anoiteço
teso
a dor meço
adormeço
peso
à manhã peço
amanheço
aceso.
anoiteço
teso
a dor meço
adormeço
peso
à manhã peço
amanheço
aceso.
certeza não cabe a ninguém
a natureza da dúvida e da fé
é o medo que a vida tem
que a morte acorde mais cedo
e seja eterna também.
é o medo que a vida tem
que a morte acorde mais cedo
e seja eterna também.
flor de neutrons
pariu
espinhos e sangue
sobre um chão de pétalas amarelas de ipê
num gerar de dor
de guerra
deixou que semeassem granadas
sob um céu de chumbo
onde a luz caia abatida
entre os cogumelos de nagasaki e hiroshima
espinhos e sangue
sobre um chão de pétalas amarelas de ipê
num gerar de dor
de guerra
deixou que semeassem granadas
sob um céu de chumbo
onde a luz caia abatida
entre os cogumelos de nagasaki e hiroshima
derivadas almas
areias
que já foram conchas
que já foram pedras
que já foram ossos
destroços de naufrágios
talvez o sal
de mar e ar qualquer narina
nesta costa
nesta praia
brava mole ou joaquina
seja lágrima destes seres
já distantes
mas nunca ausentes.
que já foram conchas
que já foram pedras
que já foram ossos
destroços de naufrágios
talvez o sal
de mar e ar qualquer narina
nesta costa
nesta praia
brava mole ou joaquina
seja lágrima destes seres
já distantes
mas nunca ausentes.
ao vivo
consciência
do viver sentido
ao som de silêncios
na cor do vazio
no óbito obtido
nos olhos
do crânio seco
cego de ausência
produz a luz de um eco
repleto de existência.
do viver sentido
ao som de silêncios
na cor do vazio
no óbito obtido
nos olhos
do crânio seco
cego de ausência
produz a luz de um eco
repleto de existência.
a montanha vaia maomé
o que move
montanhas
que não vão
nem são
a fé de maomé
os pés
nos passos
a alma
na palma da mão
então fugindo
pelos poros
pelos fundos
escuros
desse vão.
montanhas
que não vão
nem são
a fé de maomé
os pés
nos passos
a alma
na palma da mão
então fugindo
pelos poros
pelos fundos
escuros
desse vão.
inércia
era esse o nome dela
deitada num canto
aqui dentro
onde eu não alcanço
inércia aqui no centro
como por encanto
versava silêncios
na cadeira de balaço
(estática)
inércia
era assim
quase simpática
sorria e me olhava
mas sem nunca dizer nada.
deitada num canto
aqui dentro
onde eu não alcanço
inércia aqui no centro
como por encanto
versava silêncios
na cadeira de balaço
(estática)
inércia
era assim
quase simpática
sorria e me olhava
mas sem nunca dizer nada.
porcelana chinesa
penso
desequilibrado objeto
no micro instante
em que um dos lados cede
e se inicia num mergulho
ao piso opaco
cai
sem medo, sem orgulho
sem pensar nos próprios cacos
feito asteróide
que sangrasse o espaço
cai como se voasse
e beija o céu num estilhaço.
desequilibrado objeto
no micro instante
em que um dos lados cede
e se inicia num mergulho
ao piso opaco
cai
sem medo, sem orgulho
sem pensar nos próprios cacos
feito asteróide
que sangrasse o espaço
cai como se voasse
e beija o céu num estilhaço.
inconscientes peregrinos
quando distante aqui por perto
pés de anjo caminhando
quando quando (quase quando)
o destino certo reto e manso
algo novo aconteceu:
migrávamos nós
desatados deus e eu (quase sós)
os meus sentidos eram os seus
os meus não passavam
de uma corda (ora bamba ora forca)
os meus sentidos
não faziam reverência
nem batiam continência
ao general do céu supremo
algo veio como um corte
rente ao osso expondo a morte
sangravam os sagrados da história
salivando a memória pela boca
e a sua voz já quase rouca
disse três ou quatro palavras de glória
foi quando deus cerrou os lábios
e seu silêncio soou ainda mais sábio.
pés de anjo caminhando
quando quando (quase quando)
o destino certo reto e manso
algo novo aconteceu:
migrávamos nós
desatados deus e eu (quase sós)
os meus sentidos eram os seus
os meus não passavam
de uma corda (ora bamba ora forca)
os meus sentidos
não faziam reverência
nem batiam continência
ao general do céu supremo
algo veio como um corte
rente ao osso expondo a morte
sangravam os sagrados da história
salivando a memória pela boca
e a sua voz já quase rouca
disse três ou quatro palavras de glória
foi quando deus cerrou os lábios
e seu silêncio soou ainda mais sábio.
fé de mais não cheira bem
tô contigo
são tomé
sem pôr e nem tirar
que nesse mundo
é ser pra ter
e ver
pra duvidar
são tomé
sem pôr e nem tirar
que nesse mundo
é ser pra ter
e ver
pra duvidar
surfando
depois
de tanta chuva:
sacola plástica
pneu de carro
bicho morto
sobre a onda
turva triste
que quebra
e o tubo parece
de esgoto
um raio de sol
um lábio de sal
um dedo afinal
aponta em riste
nenhum cristo
quebra a crista
não há surfista
que se arrisque
e pelo visto
só o poeta
ainda insiste
de tanta chuva:
sacola plástica
pneu de carro
bicho morto
sobre a onda
turva triste
que quebra
e o tubo parece
de esgoto
um raio de sol
um lábio de sal
um dedo afinal
aponta em riste
nenhum cristo
quebra a crista
não há surfista
que se arrisque
e pelo visto
só o poeta
ainda insiste
i'm lesbian
amargor
se te sabe a língua
outro sabor
teu amor complexo
se te satisfaz
outro sexo
se te cabe menos
mais ou tanto faz
se faz sentido
ou direção
se é paixão
se é libido
ao menos traz a ilusão
que esse teu gosto
pré-suposto a ocluir
não é avesso
nem oposto
que se é carne
e não tem osso
é bem capaz de diferir
onde os iguais
se atraem mais
e não se quer admitir
se te sabe a língua
outro sabor
teu amor complexo
se te satisfaz
outro sexo
se te cabe menos
mais ou tanto faz
se faz sentido
ou direção
se é paixão
se é libido
ao menos traz a ilusão
que esse teu gosto
pré-suposto a ocluir
não é avesso
nem oposto
que se é carne
e não tem osso
é bem capaz de diferir
onde os iguais
se atraem mais
e não se quer admitir
beleza merecida
estava
com um ar de brisa
havia
nos seus lábios pálidos
um quase riso
fragrância de rosas
misturada ao odor de velas
se ouvia pranto
mas o silêncio
soava mais sentido
estava linda
os cabelos negros
em contraste à pele
e ao vestido branco pluma
a pouca luz
traduzia paz e sombras
por sobre os seios
os pés descalços entre flores
feito um anjo
que pisasse o paraíso
estava bela
como não pode ser na vida
com um ar de brisa
havia
nos seus lábios pálidos
um quase riso
fragrância de rosas
misturada ao odor de velas
se ouvia pranto
mas o silêncio
soava mais sentido
estava linda
os cabelos negros
em contraste à pele
e ao vestido branco pluma
a pouca luz
traduzia paz e sombras
por sobre os seios
os pés descalços entre flores
feito um anjo
que pisasse o paraíso
estava bela
como não pode ser na vida
vocação
tua língua suave
tocando a flauta
doce feito fosse o dia em noite alta
na puta pauta a nota clara se insinua
leve como se deve a tua clave de lua
e a minha música não te fizesse falta
mesmo quando um canto me salta
enquanto fere
e fende a fera
a vara explode
escorre e morre em tua cara
e há sorriso em teus lábios de santa
e paraíso na prece calada que canta
o que me tara
letra por letra
e me encanta:
a vocação de ser oral
esse meu gozo literal
tocando a flauta
doce feito fosse o dia em noite alta
na puta pauta a nota clara se insinua
leve como se deve a tua clave de lua
e a minha música não te fizesse falta
mesmo quando um canto me salta
enquanto fere
e fende a fera
a vara explode
escorre e morre em tua cara
e há sorriso em teus lábios de santa
e paraíso na prece calada que canta
o que me tara
letra por letra
e me encanta:
a vocação de ser oral
esse meu gozo literal
letras celestiais
caído do céu poema azul
ácido pássaro
abatido de gozo e riso
banido do paraíso
ferido em tombo preciso
letra de fado
ritmo de samba
soar colorido
feito blues
de branco tingido
que deus me prove
vai que o céu é mais ao sul
e deus me love
e deus me livre
de ser eu
a besta do após calipso
vai que eu sei
que viro a mesa
luso-afro-brasileira
de madeira nobre
expondo os restos coloniais
desta nação de hipócritas
mostrando o rastros
desta história corrompida
vai que sei
não estou só
e não é só meu esse nó
e esse bom gosto
na língua
ácido pássaro
abatido de gozo e riso
banido do paraíso
ferido em tombo preciso
letra de fado
ritmo de samba
soar colorido
feito blues
de branco tingido
que deus me prove
vai que o céu é mais ao sul
e deus me love
e deus me livre
de ser eu
a besta do após calipso
vai que eu sei
que viro a mesa
luso-afro-brasileira
de madeira nobre
expondo os restos coloniais
desta nação de hipócritas
mostrando o rastros
desta história corrompida
vai que sei
não estou só
e não é só meu esse nó
e esse bom gosto
na língua
era uma casa muito engraçada
pinta tanta letra torta da janela até a porta
que a tinta só desbota
decerto são as sombras sobre as sobras
de concreto só é certo
o coração está em obras
que a tinta só desbota
decerto são as sombras sobre as sobras
de concreto só é certo
o coração está em obras
humanice
eu sei
que você sabe que eu sei
que essa tal
insanidade
já é lei nessa cidade
afinal antes dos fins de semana
e feriados nacionais
o que emana
não irmana
eu sei
que você sabe que eu sei
que essa tal
insanidade
agora é lei necessidade
afinal antes dos fins de semana
e dos periódicos semanais
palavra é só
o que engana
eu sei
que você sabe que eu sei
que essa tal
insanidade
já é unanimidade
afinal antes do fins de semana
e das cinzas dos carnavais
é tudo carne
e grana
eu sei até de mais
que todos os anos
antes dos dias santos
somos menos humanos
que os animais
que você sabe que eu sei
que essa tal
insanidade
já é lei nessa cidade
afinal antes dos fins de semana
e feriados nacionais
o que emana
não irmana
eu sei
que você sabe que eu sei
que essa tal
insanidade
agora é lei necessidade
afinal antes dos fins de semana
e dos periódicos semanais
palavra é só
o que engana
eu sei
que você sabe que eu sei
que essa tal
insanidade
já é unanimidade
afinal antes do fins de semana
e das cinzas dos carnavais
é tudo carne
e grana
eu sei até de mais
que todos os anos
antes dos dias santos
somos menos humanos
que os animais
vendo o que se vende
profunda ferida, fenda
esgarçada entre as pernas
da porca e manca mesa de boate.
fissura, fístula num canto da boca
do Rio de fevereiro, que te abate
no que te rouba a vida, mas não te mata.
o que não mata, que se engorde na TV,
violando a inocente violência que se vê.
que se mate esta ciência, lentamente.
que se note esta nota de loucura
soando escura e muito, muito rente.
esgarçada entre as pernas
da porca e manca mesa de boate.
fissura, fístula num canto da boca
do Rio de fevereiro, que te abate
no que te rouba a vida, mas não te mata.
o que não mata, que se engorde na TV,
violando a inocente violência que se vê.
que se mate esta ciência, lentamente.
que se note esta nota de loucura
soando escura e muito, muito rente.
mudança
o guarda-roupas não passa na porta!
a casa é pequena pra tanta mobília!
e porque não deixa-lá assim vazia?
o eco faz as palavras mais bonitas.
a casa é pequena pra tanta mobília!
e porque não deixa-lá assim vazia?
o eco faz as palavras mais bonitas.
cadarços
que se passa com o passo que adiante adias?
por que o primeiro passo é sempre em falso?
por que tropeças nos cadarços,
mesmo quando pisas com teus pés descalços?
por que o primeiro passo é sempre em falso?
por que tropeças nos cadarços,
mesmo quando pisas com teus pés descalços?
desagosto
noutro dia um cão raivoso
espumando versos pela boca,
disse sol à nuvem louca
e o inverno inverso, rigoroso,
fez-se ainda mais intenso!
punhal de gelo na carne pouca,
que racha, sangra e estanca
entre a pele e a roupa.
mas, o andarilho lindo e asqueroso,
como brilho de amor, imenso,
ainda trilha as ruas sujas
nas cidades do que eu penso.
espumando versos pela boca,
disse sol à nuvem louca
e o inverno inverso, rigoroso,
fez-se ainda mais intenso!
punhal de gelo na carne pouca,
que racha, sangra e estanca
entre a pele e a roupa.
mas, o andarilho lindo e asqueroso,
como brilho de amor, imenso,
ainda trilha as ruas sujas
nas cidades do que eu penso.
quase quasar
cravada de dia,
de luz que se irradia
tal qual e quanto antes,
a água clara e grata
cravada de diamantes.
diamantes solares,
serpentes de prata
sobre a face dos mares.
sementes de crepúsculo
enraizadas, contas, colares
no solo maiúsculo das ondas,
e nas tuas mãos em concha,
feito estranho molusco.
quase um quasar, caracol,
a guardar o som do mar
e as manhãs de sal e de sol.
de luz que se irradia
tal qual e quanto antes,
a água clara e grata
cravada de diamantes.
diamantes solares,
serpentes de prata
sobre a face dos mares.
sementes de crepúsculo
enraizadas, contas, colares
no solo maiúsculo das ondas,
e nas tuas mãos em concha,
feito estranho molusco.
quase um quasar, caracol,
a guardar o som do mar
e as manhãs de sal e de sol.
cães dos dias
é mês de cachorro louco
me late no dia sete
te uiva no dia oito.
espuma
na boca do tempo,
resulta
da foda ou coito.
o tempo te passa o rodo
te puxa o tapete
e te canta rouco.
o tempo
reflete no espelho.
TODO tempo parece pouco.
me late no dia sete
te uiva no dia oito.
espuma
na boca do tempo,
resulta
da foda ou coito.
o tempo te passa o rodo
te puxa o tapete
e te canta rouco.
o tempo
reflete no espelho.
TODO tempo parece pouco.
cúmplice
serei teu cúmplice
neste crime,
não como bonny e clyde
no cinema,
mas como leminski e alice
num poema.
farei do teu crime,
o partilhar mais sublime
entre a delinquência
e a arte.
neste crime,
não como bonny e clyde
no cinema,
mas como leminski e alice
num poema.
farei do teu crime,
o partilhar mais sublime
entre a delinquência
e a arte.
eternaMente
guarda
na poesia
um pouco mais
da luz do dia
guarda
tua inspiração
e emoção
guarda
na poesia
um pouco de tua
vida.
na poesia
um pouco mais
da luz do dia
guarda
tua inspiração
e emoção
guarda
na poesia
um pouco de tua
vida.
desafio
acordar pela manhã
e não ser.
estar? nem pensar.
atravessar
a porta de saída
e não haver
nem mais
entradas.
e não ser.
estar? nem pensar.
atravessar
a porta de saída
e não haver
nem mais
entradas.
amorTecido
NU em pêlo visto,
quando não apenas despido,
mas, quase reparido,
viria ao mundo
e ao mundo veria noutro menino.
se eu te fosse íntimo como um vestido,
sobrepeles, um tecido de sentidos,
todo o ar tornaria-se gozo!
no sentido mais perigoso.
quando não apenas despido,
mas, quase reparido,
viria ao mundo
e ao mundo veria noutro menino.
se eu te fosse íntimo como um vestido,
sobrepeles, um tecido de sentidos,
todo o ar tornaria-se gozo!
no sentido mais perigoso.
a dor do parto nunca acaba de doer
dores,
são maiores
quando alheias
e ainda minhas...
dores de mães e filhas.
dores de doer nas entrelinhas.
são maiores
quando alheias
e ainda minhas...
dores de mães e filhas.
dores de doer nas entrelinhas.
um setembro que me lembro
oba!mas
que se cuidem
atentem
ao destino dado às torres,
que o bin ainda "os ama"
e trama ainda seus terrores.
*o osama mandou avisar que o barrako do obama ainda pode cair.
que se cuidem
atentem
ao destino dado às torres,
que o bin ainda "os ama"
e trama ainda seus terrores.
*o osama mandou avisar que o barrako do obama ainda pode cair.
incurável
boca tua,
seios meus.
anseios de torta loucura,
anseios meus.
te amar é câncer,
signo da tortura.
o amor sou eu
não tenho cura.
seios meus.
anseios de torta loucura,
anseios meus.
te amar é câncer,
signo da tortura.
o amor sou eu
não tenho cura.
paraíso nos teus olhos
a caligrafia dos teus olhos
sob os meus,
me sinto homem
menino teu.
poeta às escusas,
sílabas ocultas...
me sinto deus.
sob os meus,
me sinto homem
menino teu.
poeta às escusas,
sílabas ocultas...
me sinto deus.
bloco de notas
traço teus gestos
num caderno aqui de dentro
e perco o centro
depois me perco.
teu gosto é gozo
que me lembro
quando me esqueço.
num caderno aqui de dentro
e perco o centro
depois me perco.
teu gosto é gozo
que me lembro
quando me esqueço.
giras sol
circunstâncias
alheias ao meu coração
te fizeram girassol sob o concreto.
...nem os anjos
compreendem nosso dialeto.
alheias ao meu coração
te fizeram girassol sob o concreto.
...nem os anjos
compreendem nosso dialeto.
utopEU
se eu
fosse eu
seria outro
alguém
sem nome
nem pai
filho
espírito
ou amém
seria meu
seria
um deus
que
ninguém
concebeu.
fosse eu
seria outro
alguém
sem nome
nem pai
filho
espírito
ou amém
seria meu
seria
um deus
que
ninguém
concebeu.
G(estações).
veras obras
de seja
lá o que flor
per(fume-se!)
quede-se mente
virão ver
e quando vir
verão
espinhos
não são dignos
de letras
pétala, raiz
lírio lótus
flacidez
ou tônus?
caule-se!
quede somente
folhas
folhas brancas
leia-se
saiba-se de cor
silêncio
ao ver-nos
nus
inverno supus.
de seja
lá o que flor
per(fume-se!)
quede-se mente
virão ver
e quando vir
verão
espinhos
não são dignos
de letras
pétala, raiz
lírio lótus
flacidez
ou tônus?
caule-se!
quede somente
folhas
folhas brancas
leia-se
saiba-se de cor
silêncio
ao ver-nos
nus
inverno supus.
tua casa (à marisa viera)
vi eira
e beira.
muros
au sentes
paredes
já nelas
e redes
paredes
sem
sem portas
sem pressa
sem pre
aber tas
casa nossa
coisa
de poeta
tua casa
com vista
proa mar
tua casa
agora
é minha
é poesia
e nela
mora
plena
toda
marisia.
e beira.
muros
au sentes
paredes
já nelas
e redes
paredes
sem
sem portas
sem pressa
sem pre
aber tas
casa nossa
coisa
de poeta
tua casa
com vista
proa mar
tua casa
agora
é minha
é poesia
e nela
mora
plena
toda
marisia.
desobediência
pedi a ela que pusesse “vou”
naquele verso de mudar o mundo,
mas ela
............POES IA.
naquele verso de mudar o mundo,
mas ela
............POES IA.
sampa até a tampa
não sendo eu
nenhum caetano,
nada acontece
nas esquinas da canção.
não sei da garoa
em teus cabelos de sansão
que dali lá são paulos
todos santos!
não tenho a liberdade,
não acredito na república,
pouco sei da tua música
nem do fluxo complexo
das tuas vias concretas.
não sou tiete
de nenhum tietê.
marginais?
só mesmo os poetas
subversando as misérias
e todas as tuas paulicéias
nenhum caetano,
nada acontece
nas esquinas da canção.
não sei da garoa
em teus cabelos de sansão
que dali lá são paulos
todos santos!
não tenho a liberdade,
não acredito na república,
pouco sei da tua música
nem do fluxo complexo
das tuas vias concretas.
não sou tiete
de nenhum tietê.
marginais?
só mesmo os poetas
subversando as misérias
e todas as tuas paulicéias
amar é melhor que amor
amor é só,
amores são muitos.
entra ano
e sai insano
insiste
quando são
ou quando não.
amor reside dentro
mas resiste fora
amor não sabe a hora
parte
sem ir embora.
amor
se for
só se for agora.
amores são muitos.
entra ano
e sai insano
insiste
quando são
ou quando não.
amor reside dentro
mas resiste fora
amor não sabe a hora
parte
sem ir embora.
amor
se for
só se for agora.
cotovelos de aço
Não me levem a mal
mas,
quem canta seus males,
espanta!
eu quero cantar alegrias
versar palavras em alegorias
como se o amor
fosse para sempre carnaval.
mas,
quem canta seus males,
espanta!
eu quero cantar alegrias
versar palavras em alegorias
como se o amor
fosse para sempre carnaval.
comboio
peguei o trem
quando vinha de onde sempre
o largarei logo adiante
adiando outra vã guarda
que guardada ainda vem
mas o fato,
o absurdo absoluto,
é que embarquei e não havia barco
e o outono era a estação
vocês verão,
eu vou mais além!
no primeiro vagão
do último trem.
quando vinha de onde sempre
o largarei logo adiante
adiando outra vã guarda
que guardada ainda vem
mas o fato,
o absurdo absoluto,
é que embarquei e não havia barco
e o outono era a estação
vocês verão,
eu vou mais além!
no primeiro vagão
do último trem.
alcoolirísmo
triz tesa
à flor da pele
amarelecida...
ictéria pele
como página envelhecida
de tanto ostentar poesia
teu fígado já pediu a conta
não aguentou
tanta boemia
com cirrose
teu corpo se despede
como quem não quer ir embora
e implora ainda mais uma dose
não queres parar
não agora
ainda queres sair
para beber
e reescrever tuas linhas tortas
mas a esta hora
o último bar
já encerrou as tuas portas.
à flor da pele
amarelecida...
ictéria pele
como página envelhecida
de tanto ostentar poesia
teu fígado já pediu a conta
não aguentou
tanta boemia
com cirrose
teu corpo se despede
como quem não quer ir embora
e implora ainda mais uma dose
não queres parar
não agora
ainda queres sair
para beber
e reescrever tuas linhas tortas
mas a esta hora
o último bar
já encerrou as tuas portas.
cadela que ladra ... rouba
morde
tudo quando pode
furta cores das abóbodas celestes,
celeumas dos que pescam estrelas
com seus anzóis minguantes
e suas almas crescentes
pelo céu, itinerantes.
abocanha um sol que arde
ainda que seja noite
que seja tarde
que a manhã te açoite
se esconde
atrás de tua concisa consciência
debaixo da tua aparente sonolência.
subtrai as rimas do teu destino
confunde teus passos, tuas letras
oculta teu nome
te aparta alma e corpo
dilacera tua carne feito fera
suga do teu sangue açúcar
da tua dor ela faz música
e dança em meio a teus restos
catando entre teus ossos
toda poesia possível
que a impossível
possivelmente
irá te extrair mais adiante.
tudo quando pode
furta cores das abóbodas celestes,
celeumas dos que pescam estrelas
com seus anzóis minguantes
e suas almas crescentes
pelo céu, itinerantes.
abocanha um sol que arde
ainda que seja noite
que seja tarde
que a manhã te açoite
se esconde
atrás de tua concisa consciência
debaixo da tua aparente sonolência.
subtrai as rimas do teu destino
confunde teus passos, tuas letras
oculta teu nome
te aparta alma e corpo
dilacera tua carne feito fera
suga do teu sangue açúcar
da tua dor ela faz música
e dança em meio a teus restos
catando entre teus ossos
toda poesia possível
que a impossível
possivelmente
irá te extrair mais adiante.
que se for dá
vida
se for mar
ser um porto
ser partida, chegada
mais vida, menos nada
apenas enquanto eu for.
por enquanto
me transpor,
me esvair e inundar
de tanto ter teu ir e vir
de tanto te amar
vida
se for mar
ser um barco à vela
e quando eu me for
navegar por ela
como ela sempre quis.
ser feliz?
apenas
quando eu for mar
e ela me navegar
quando
a vida
se formar
e ela se transformar.
se for mar
ser um porto
ser partida, chegada
mais vida, menos nada
apenas enquanto eu for.
por enquanto
me transpor,
me esvair e inundar
de tanto ter teu ir e vir
de tanto te amar
vida
se for mar
ser um barco à vela
e quando eu me for
navegar por ela
como ela sempre quis.
ser feliz?
apenas
quando eu for mar
e ela me navegar
quando
a vida
se formar
e ela se transformar.
pouco me lixando
meu verso é lixo
e recolho pelo chão da sala
pelo piso da cozinha, atrás dos móveis
por debaixo dos tapetes
em meio a restos de tão pouco
montanhas e mais montanhas de ainda menos
nas prateleiras não há nada, leve o quanto quiser.
minha rua é um deserto
a vizinhança é o meu peito aberto
cravado de balas e migalhas de biscoito
estou sempre convidado a beber meu chá das oito
que às cinco é outra droga, algum esterco tipo oriental
e das seis às sete pratico yôga e me perco no quintal.
eu sou meu próprio eco, meu reflexo no espelho
é quando a deus mais me assemelho
eu sou meu lar
doce e amargo endereço, qualquer lugar
sou eu mesmo a qualquer preço
respiro meu próprio ar
eu sou meus versos, sou todos os meus lados
meus passados passos reciclados
prazer, me chamam rodrigo!
eu sou tudo que trago comigo
e não descarto por puro romantismo.
sou isso mesmo
sou meu mais nobre e repugnante monte de lixo.
e recolho pelo chão da sala
pelo piso da cozinha, atrás dos móveis
por debaixo dos tapetes
em meio a restos de tão pouco
montanhas e mais montanhas de ainda menos
nas prateleiras não há nada, leve o quanto quiser.
minha rua é um deserto
a vizinhança é o meu peito aberto
cravado de balas e migalhas de biscoito
estou sempre convidado a beber meu chá das oito
que às cinco é outra droga, algum esterco tipo oriental
e das seis às sete pratico yôga e me perco no quintal.
eu sou meu próprio eco, meu reflexo no espelho
é quando a deus mais me assemelho
eu sou meu lar
doce e amargo endereço, qualquer lugar
sou eu mesmo a qualquer preço
respiro meu próprio ar
eu sou meus versos, sou todos os meus lados
meus passados passos reciclados
prazer, me chamam rodrigo!
eu sou tudo que trago comigo
e não descarto por puro romantismo.
sou isso mesmo
sou meu mais nobre e repugnante monte de lixo.
piano solo
alguém
sabe exatamente
o que se sente
quando o partir
tem amplo sentido?
(ou quando o par tido
se for
e ainda for coração?)
que canção
toca
quando a porta bate?
alguém sai
alguém entra
alguém vai
e fica só o ausente
como as cordas
de um piano
((( v i b r a n d o )))
dentro da gente.
sabe exatamente
o que se sente
quando o partir
tem amplo sentido?
(ou quando o par tido
se for
e ainda for coração?)
que canção
toca
quando a porta bate?
alguém sai
alguém entra
alguém vai
e fica só o ausente
como as cordas
de um piano
((( v i b r a n d o )))
dentro da gente.
só vendo a vista II
verde vista
que me veste e venta
que me investe e inventa
no que
invariavelmente
a mente
atenta.
que me veste e venta
que me investe e inventa
no que
invariavelmente
a mente
atenta.
só vendo a vista
vista
que os olhos
vista
paisagem verde
que é dever de ver
dever de ser
ser verde de verdade
não de esperança
que esperança
geralmente é saudade.
que os olhos
vista
paisagem verde
que é dever de ver
dever de ser
ser verde de verdade
não de esperança
que esperança
geralmente é saudade.
amizade colorida
amigo não é coisa,
pra se guardar
no lado esquerdo, direito
ou qualquer outro lado do peito.
Amizade se objeto fosse,
que fosse como roupa que se veste
que a alma te aquece
e te mantem a carne nua.
amizade
não fica em casa
a amizade se leva para a rua
a amizade quanto mais se usa
mais colorida
fica a blusa.
pra se guardar
no lado esquerdo, direito
ou qualquer outro lado do peito.
Amizade se objeto fosse,
que fosse como roupa que se veste
que a alma te aquece
e te mantem a carne nua.
amizade
não fica em casa
a amizade se leva para a rua
a amizade quanto mais se usa
mais colorida
fica a blusa.
o passado é uma criança
agora tua cara vela
um porto futuro,
que de velho já é morto
e portanto
seguro.
um porto futuro,
que de velho já é morto
e portanto
seguro.
aula de natAção
poesia,
você não entende,
nada.
mas nadar se aprende sozinho
e sozinhos somos todos amplo mar.
Vê se aprende a nadar!
Você não entende a poesia
mas a poesia te compreende
completaMente.
você não entende,
nada.
mas nadar se aprende sozinho
e sozinhos somos todos amplo mar.
Vê se aprende a nadar!
Você não entende a poesia
mas a poesia te compreende
completaMente.
(escrito em Roraima pouco antes de minha ubá voltar a ser canoa)
lento
o ar à minha volta
um lamento à solta
um barco parado
sigo atento
à qualquer momento
esse ar vira vento.
o ar à minha volta
um lamento à solta
um barco parado
sigo atento
à qualquer momento
esse ar vira vento.
à saudade que eu sinto de mim
amanheceu
é mais um hoje
que vai longe.
não sei se chove...
se for segunda,
vou chegar às nove
e esquecer as chaves.
...me vejo
num estilhaço de espelho.
é como se eu estivesse
em pedaços.
me vejo
e de fato estou um caco.
visto as roupas
calço os sapatos
e não esqueço
meu nariz de palhaço.
saio a rua
e tudo cheira a alegria,
a morte nua
passa por mim
como se fosse alegoria,
vestida de ouro
a vizinhança
me convida ao bacanal...
há um anjo sujo
contando dinheiro.
não sinto dor.
algo vai mal.
amanheceu,
é fevereiro,é carnaval.
é mais um hoje
que vai longe.
não sei se chove...
se for segunda,
vou chegar às nove
e esquecer as chaves.
...me vejo
num estilhaço de espelho.
é como se eu estivesse
em pedaços.
me vejo
e de fato estou um caco.
visto as roupas
calço os sapatos
e não esqueço
meu nariz de palhaço.
saio a rua
e tudo cheira a alegria,
a morte nua
passa por mim
como se fosse alegoria,
vestida de ouro
a vizinhança
me convida ao bacanal...
há um anjo sujo
contando dinheiro.
não sinto dor.
algo vai mal.
amanheceu,
é fevereiro,é carnaval.
há (manhã)
ontem
não houve nada
e ninguém ouve
é madrugada
e enquanto tens companhia
para ficar a sós
enquanto há lua
por todos os lados
enquanto deus
te dá ouvidos estrelados
viva hoje esta manhã
é indispensável
que viva hoje
enquanto ainda é madrugada
viva hoje esta manhã
que amanhã não há nada.
não houve nada
e ninguém ouve
é madrugada
e enquanto tens companhia
para ficar a sós
enquanto há lua
por todos os lados
enquanto deus
te dá ouvidos estrelados
viva hoje esta manhã
é indispensável
que viva hoje
enquanto ainda é madrugada
viva hoje esta manhã
que amanhã não há nada.
água que passarinho não bebe
se beber
não me dirija a palavra
que palavras não sabem ler
ignoram as placas de pare
e começam logo a querer
tens que saber
tem muita água
para passar sob a ponte
tem muita pedra
para chutar no caminho
mas é preciso
beber dessa fonte
antes
que algum passarinho te apronte
e resolva beber.
não me dirija a palavra
que palavras não sabem ler
ignoram as placas de pare
e começam logo a querer
tens que saber
tem muita água
para passar sob a ponte
tem muita pedra
para chutar no caminho
mas é preciso
beber dessa fonte
antes
que algum passarinho te apronte
e resolva beber.
anfíbio
eu ando poetando
mais a torto
que a direito
tanto quanto posso
tanto quanto penso
que mereço
ando largo
à passo estreito
mas eu não busco nenhum centro
uma palavra salta o poço
outra se joga pra dentro.
mais a torto
que a direito
tanto quanto posso
tanto quanto penso
que mereço
ando largo
à passo estreito
mas eu não busco nenhum centro
uma palavra salta o poço
outra se joga pra dentro.
psicoliterografia
é quando a gente
passa por pessoa,
assassina o presidente
e o vice versa,
assina um poema indiferente
cujo o tema
é a alma pequena e boa.
é quando pessoa
passa pela gente
e de repente
voa.
passa por pessoa,
assassina o presidente
e o vice versa,
assina um poema indiferente
cujo o tema
é a alma pequena e boa.
é quando pessoa
passa pela gente
e de repente
voa.
livre-nos livros
me destes
um livro
que li de leste à oeste.
e por mais que lide
para que nada mude,
ainda que gostes
ou que detestes,
o que li fere!
o que li difere do que lestes.
e este
já não é o mesmo livro
que me destes.
um livro
que li de leste à oeste.
e por mais que lide
para que nada mude,
ainda que gostes
ou que detestes,
o que li fere!
o que li difere do que lestes.
e este
já não é o mesmo livro
que me destes.
livrerdade
livre-nos livros
no que somam tantos
no que tanto somos
livres nos livros
que nascemos mesmo para isso
então
livres de nós mesmos
alcemos vôo ao paraíso.
no que somam tantos
no que tanto somos
livres nos livros
que nascemos mesmo para isso
então
livres de nós mesmos
alcemos vôo ao paraíso.
este livro
nebulosas páginas
onde as frases
assumem curvas perigosas.
como cascavéis
roçando os túmulos
de um antigo cemitério,
inquietando os ossos imortais
de algum poeta.
que alquimista ousaria
fazer ouro destes ossos?
eu posso ver
por entre os versos deste livro.
eu posso ver
através da neblina
como se expusesse
a verdade mais oculta
na mais oculta das ciências.
e eu vejo rosas.
estranhas rosas
onde as pétalas são letras
e os espinhos reticências...
onde as frases
assumem curvas perigosas.
como cascavéis
roçando os túmulos
de um antigo cemitério,
inquietando os ossos imortais
de algum poeta.
que alquimista ousaria
fazer ouro destes ossos?
eu posso ver
por entre os versos deste livro.
eu posso ver
através da neblina
como se expusesse
a verdade mais oculta
na mais oculta das ciências.
e eu vejo rosas.
estranhas rosas
onde as pétalas são letras
e os espinhos reticências...
esse amor não vai à missa
esse amor é casca grossa
é vaso ruim
que até quebra mas não lasca
é bem me quer
querendo em mim
esse amor
que ninguém tasca
é esse amor tupiniquim
esse amor renova a bossa
engrossa o caldo com farinha
e desafina o bandolim
esse amor
não tem, nem tinha
que ser tanto amor assim
esse amor me atravessa o samba
me empata a foda
é esse amor de corda bamba
é esse amor que tá na moda
esse amor enlouquecido
não carece de querubim
não precisa de cupido
não tá a fim de serafim
esse amor não vai à missa
com esse amor
não há quem possa
que os deuses nus livrem
nus livrem
de um amor assim.
é vaso ruim
que até quebra mas não lasca
é bem me quer
querendo em mim
esse amor
que ninguém tasca
é esse amor tupiniquim
esse amor renova a bossa
engrossa o caldo com farinha
e desafina o bandolim
esse amor
não tem, nem tinha
que ser tanto amor assim
esse amor me atravessa o samba
me empata a foda
é esse amor de corda bamba
é esse amor que tá na moda
esse amor enlouquecido
não carece de querubim
não precisa de cupido
não tá a fim de serafim
esse amor não vai à missa
com esse amor
não há quem possa
que os deuses nus livrem
nus livrem
de um amor assim.
riso/gozo
o corpo todo
lábios se rindo
corpo indo
e (bem) vindo
sentidossentindo
todo corpo riso
todo corpo é para isso
todo gozo
é paraíso.
lábios se rindo
corpo indo
e (bem) vindo
sentidossentindo
todo corpo riso
todo corpo é para isso
todo gozo
é paraíso.
passado a limpo
cada
passo
cala um instante
cada vez mais
distante.
cada
esboço
fala
mais que a obra
definida.
cada salto
abolindo o poço.
cada sonho
re(escrevendo)
a vida.
passo
cala um instante
cada vez mais
distante.
cada
esboço
fala
mais que a obra
definida.
cada salto
abolindo o poço.
cada sonho
re(escrevendo)
a vida.
in(ex)piração
avanço.
........alcanço
um ponto além da meta.
Eis a ausência
..........que me completa.
esqueço a idéia inicial,
a ânsia
..que motivara o poema.
Eis o problema
....que soluciona o tema.
Então arrisco.
...................atiro pedras
ao invés de letras.
E fica o visto
.............pelo não quisto.
miro em judas
..............e acerto cristo.
........alcanço
um ponto além da meta.
Eis a ausência
..........que me completa.
esqueço a idéia inicial,
a ânsia
..que motivara o poema.
Eis o problema
....que soluciona o tema.
Então arrisco.
...................atiro pedras
ao invés de letras.
E fica o visto
.............pelo não quisto.
miro em judas
..............e acerto cristo.
há
um tanto feita,
um tando dita,
ainda ela.
depois de muita lida,
transformar emoção
em palavra escrita.
misturada ao asfalto
e à fumaça das usinas,
ainda ela.
na graça desgraçada
das esquinas:
a puta virgem,
a santa violentada.
ainda ela,
caravela rumo às índias
sempre nuas.
minhas palavras são
vontades suas.
um tando dita,
ainda ela.
depois de muita lida,
transformar emoção
em palavra escrita.
misturada ao asfalto
e à fumaça das usinas,
ainda ela.
na graça desgraçada
das esquinas:
a puta virgem,
a santa violentada.
ainda ela,
caravela rumo às índias
sempre nuas.
minhas palavras são
vontades suas.
que seja como se fosse
sou criança
e moro aqui
o tempo que se mude!
quis ser tudo
mas, somente o nada pôde
e tudo que eu pude
foi ser.
e moro aqui
o tempo que se mude!
quis ser tudo
mas, somente o nada pôde
e tudo que eu pude
foi ser.
parLamento
uma mão lavra outra
palavra nunca é vão
uma mão livra outra
palavra luva e mão
uma mão leva a outra
palavra nunca é não
uma mão louva outra
palavra lava então.
Rodrigo Mebs & Cláudia Gonçalves
palavra nunca é vão
uma mão livra outra
palavra luva e mão
uma mão leva a outra
palavra nunca é não
uma mão louva outra
palavra lava então.
Rodrigo Mebs & Cláudia Gonçalves
amor como poder
como pode
o amor saber?
quem alma
quem carne
a quem cabe saber?
quem ama
quem fode
como pode
o amor poder?
o amor saber?
quem alma
quem carne
a quem cabe saber?
quem ama
quem fode
como pode
o amor poder?
palavras feito confetes
louco
avariado das letras
lá vai o poeta
camiseta regata
sandália de couro
maleta de prata
palavras de ouro
lá vai o poeta
desastrado, tropeça
espalha seus versos
pela praça
e faz da tarde sem graça
uma esplendorosa festa.
avariado das letras
lá vai o poeta
camiseta regata
sandália de couro
maleta de prata
palavras de ouro
lá vai o poeta
desastrado, tropeça
espalha seus versos
pela praça
e faz da tarde sem graça
uma esplendorosa festa.
um raro lugar comum
embora leve
se torna grave
todo amor que se deve
mas nada sobra
de um amor
que se cobra
o amor
não se estuda
o amor tudo muda
o amor
não se entende
o amor se sente
pura
e simplesmente.
se torna grave
todo amor que se deve
mas nada sobra
de um amor
que se cobra
o amor
não se estuda
o amor tudo muda
o amor
não se entende
o amor se sente
pura
e simplesmente.
o vão das coisas
como vão
as coisas?
as coisas
vão apenas
sempre vão
voam em asas
à duras penas
vão em vão
por alguma razão
as coisas?
as coisas
vão apenas
sempre vão
voam em asas
à duras penas
vão em vão
por alguma razão
explícita língua
mantenha a sua boca
o mais distante
impossível
da minha
quero escrever
na tua língua
te traduzir para a minha
vem amor...
deixe eu ser teu particípio
descobrir
teu ponto G
de gerúndio
então amado
estarei te amando
em todo o meu ser e estar
e no futuro do pretérito
nós estaríamos conjugando
dois verbos
amar & gozar.
o mais distante
impossível
da minha
quero escrever
na tua língua
te traduzir para a minha
vem amor...
deixe eu ser teu particípio
descobrir
teu ponto G
de gerúndio
então amado
estarei te amando
em todo o meu ser e estar
e no futuro do pretérito
nós estaríamos conjugando
dois verbos
amar & gozar.
eu maRIO, tu MARias
mar
ávido
haver navios
rio
lívido
aliviado
à ver
nos arcos
nosso mar
mais
mar
e ado
que mariou
que mar
maria
haver
em ti
alguma ilha
à ver
amar
avilha.
ávido
haver navios
rio
lívido
aliviado
à ver
nos arcos
nosso mar
mais
mar
e ado
que mariou
que mar
maria
haver
em ti
alguma ilha
à ver
amar
avilha.
( à mocidade iNdependende de padre olívacio II )
nosso amor
é carnal
nosso carma
é carnaval
nossa quarta-feira
é de brasas
nossa intenção
é sempre a fogueira
é carnal
nosso carma
é carnaval
nossa quarta-feira
é de brasas
nossa intenção
é sempre a fogueira
porto partido
se já é
alegre
teu porto
quem sabe
parto
um dia
em duas
partes
de alegria
e seja farta
a que
te cabe
seja poesia.
(para Cláudia Gonçalves)
alegre
teu porto
quem sabe
parto
um dia
em duas
partes
de alegria
e seja farta
a que
te cabe
seja poesia.
(para Cláudia Gonçalves)
acrEditar
não acre
dito!
seivas
de seringais
que fito,
floresta...
nada mais
resta
daquele Chico
além
do grito?
dito!
seivas
de seringais
que fito,
floresta...
nada mais
resta
daquele Chico
além
do grito?
Poema Anti-Apático
anti-apático
de humor ártico
articularei meus versos
enquanto houver doses
de poemas homeopáticos
e músicos azuis
enquanto houver roses
violets, rock-reds & blues.
de humor ártico
articularei meus versos
enquanto houver doses
de poemas homeopáticos
e músicos azuis
enquanto houver roses
violets, rock-reds & blues.
o que se lê
está
aqui nem sei
bem onde
por que se esconde?
só sei que está
costuma Star
como sempre esteve
e não se vê
no que se escreve
mas no que lia
o que se lê
não silencia
o que se lê, cia!
aqui nem sei
bem onde
por que se esconde?
só sei que está
costuma Star
como sempre esteve
e não se vê
no que se escreve
mas no que lia
o que se lê
não silencia
o que se lê, cia!
lowCura
poesia...
ainda encontro a cura
encontro-a crua
por certo, ainda encontro!
ainda perto
no centro ou dentro
de algum inverso...
ainda encontro a cura
encontro-a crua
por certo, ainda encontro!
ainda perto
no centro ou dentro
de algum inverso...
amoRoma
a palavra
que a vida lança
trança o vazio,
invade o mistério
então se cansa
alcança
um muro, um lado escuro
o flerte se inverte
e vira império
um estado de coma
é quando amor
se torna roma.
que a vida lança
trança o vazio,
invade o mistério
então se cansa
alcança
um muro, um lado escuro
o flerte se inverte
e vira império
um estado de coma
é quando amor
se torna roma.
penados
estes anjos são demônios alados
que o bom deus cobriu de penas
pra disfarçar seus próprios pecados.
que o bom deus cobriu de penas
pra disfarçar seus próprios pecados.
flecha
tua flecha
me lambe a face
me fere no poema
que sangro em letras
e doces lágrimas
tua flecha
num arco-íris
além dos olhos
buscando um alvo
e um róseo em minha pele
passeia meu corpo
transpassa minha carne
tua flecha envenenada
acerta meus ossos
e este músculo pulsante
tua flecha
me entrega belo à morte
e a toda sorte de ressurgir
em outros poemas
em outras palavras
após um ponto final.
me lambe a face
me fere no poema
que sangro em letras
e doces lágrimas
tua flecha
num arco-íris
além dos olhos
buscando um alvo
e um róseo em minha pele
passeia meu corpo
transpassa minha carne
tua flecha envenenada
acerta meus ossos
e este músculo pulsante
tua flecha
me entrega belo à morte
e a toda sorte de ressurgir
em outros poemas
em outras palavras
após um ponto final.
pé de laranja-rima
quero me transpor
trancar as portas
do que me foge
me quero longe
de tudo mais
que me reprima
quero ser prima
de toda obra
que me rima
num pé de vento
num pé de lima
num pé de invento
montanha acima
de amor tamanho
florir-me em fera
num pé de sonho
quero ser clima
uma prima-vera
uma obra prima.
rodrigo mebs & cláudia gonçálves
trancar as portas
do que me foge
me quero longe
de tudo mais
que me reprima
quero ser prima
de toda obra
que me rima
num pé de vento
num pé de lima
num pé de invento
montanha acima
de amor tamanho
florir-me em fera
num pé de sonho
quero ser clima
uma prima-vera
uma obra prima.
rodrigo mebs & cláudia gonçálves
licor de cacau
bebo os licores de tuas letras
embriagado, corro nu nesta paragem
mastigo tuas flores e cuspo borboletas
asas leves ao meu eterno de passagem
pelos teus pampas, pelo vôo dos poetas
pelo amor de um poema à paisagem.
embriagado, corro nu nesta paragem
mastigo tuas flores e cuspo borboletas
asas leves ao meu eterno de passagem
pelos teus pampas, pelo vôo dos poetas
pelo amor de um poema à paisagem.
lágrimas amigas!
são estas gotas de sonhos,
tais que te lambem a face
diante de um fim concreto
ou algo enfim concretizado.
são estas, gotas tristes ou felizes
capazes de apagar um olhar em chamas.
são estas gotas de uma chuva de verão
ou densa temporada em tempestade.
são estas tais que brotam sozinhas,
como cristalinas gotas de orvalho
num cantinho de uma folha chamada olhar.
tais que te lambem a face
diante de um fim concreto
ou algo enfim concretizado.
são estas, gotas tristes ou felizes
capazes de apagar um olhar em chamas.
são estas gotas de uma chuva de verão
ou densa temporada em tempestade.
são estas tais que brotam sozinhas,
como cristalinas gotas de orvalho
num cantinho de uma folha chamada olhar.
bife sujo & champignon
ofereço um brinde
à my new bebitude!
sucesso e saúde!!!!
wisky on the rock
head is on the sky
wisky zito para zito
em meu sempre paranito
buracocrático polaco
coca calo cola caco
pinheirinho opaco
de um poty lazarento
num azulejo lazarotto
olhe o mate! óleo mate!
mate sim mate não
mate e beba meu poema
no bico da gralha capanema
petisque um espetinho de leão
fume a erva do chimarrão
cheire o pó do catatau
e chupe meu limão
mate a ética e a temática
matemática:
+ um wisky + uma dose
de cirrose hepática
peça mais um wisky
- garçom! ei! psiu! garçom!
1 bife sujo com champignon
e + 1 garrafa de leminski.
à my new bebitude!
sucesso e saúde!!!!
wisky on the rock
head is on the sky
wisky zito para zito
em meu sempre paranito
buracocrático polaco
coca calo cola caco
pinheirinho opaco
de um poty lazarento
num azulejo lazarotto
olhe o mate! óleo mate!
mate sim mate não
mate e beba meu poema
no bico da gralha capanema
petisque um espetinho de leão
fume a erva do chimarrão
cheire o pó do catatau
e chupe meu limão
mate a ética e a temática
matemática:
+ um wisky + uma dose
de cirrose hepática
peça mais um wisky
- garçom! ei! psiu! garçom!
1 bife sujo com champignon
e + 1 garrafa de leminski.
vago lume
vago lume às estrelas
e bem por elas,
pintei as telas
de plasma
e liguei
o liquidificador.
depois da dor
já liquefeita,
como água de lavanda,
fiz a cama
no perfume
de quem ama
e amei o lume
aquele à porta
aberto à varanda.
e bem por elas,
pintei as telas
de plasma
e liguei
o liquidificador.
depois da dor
já liquefeita,
como água de lavanda,
fiz a cama
no perfume
de quem ama
e amei o lume
aquele à porta
aberto à varanda.
guaraná com isso aí
anote book
onde diz livro
e vá pra New York
se enforque
nos braços da liberdade
que se auto proclama
way of life
mas in your life
há sempre uma knife
de dois gumes
ah, que bacana!
ali na quinta avenida
há tanta vida americana
for sale pra teu deleite
aproveite
e troque sua havaiana
por um nike
de um rolê
no central park
e esqueça o ibirapuera
pela quimera
tua afro-tupy brasilidade
que vire cherocke num big mac
and chery-coke à vontade
e aos domigos
lembre os sambas mais antigos
e escute apenas o som dos gringos
again to play in your head
vê se aprende assim a língua
enquanto a tua seca e míngua
sem saliva ou seiva
sem verdade
e aí my brother
da tua língua mother
só te restará a palavra saudade.
onde diz livro
e vá pra New York
se enforque
nos braços da liberdade
que se auto proclama
way of life
mas in your life
há sempre uma knife
de dois gumes
ah, que bacana!
ali na quinta avenida
há tanta vida americana
for sale pra teu deleite
aproveite
e troque sua havaiana
por um nike
de um rolê
no central park
e esqueça o ibirapuera
pela quimera
tua afro-tupy brasilidade
que vire cherocke num big mac
and chery-coke à vontade
e aos domigos
lembre os sambas mais antigos
e escute apenas o som dos gringos
again to play in your head
vê se aprende assim a língua
enquanto a tua seca e míngua
sem saliva ou seiva
sem verdade
e aí my brother
da tua língua mother
só te restará a palavra saudade.
inverno inverso
estava tão frio, mas tão frio
que eu pensei que nem fosse o inverno.
era um frio de congelar as orelhas do caderno.
que eu pensei que nem fosse o inverno.
era um frio de congelar as orelhas do caderno.
a rosa da libido
tua pele
de fina seda
cobre os meus sentidos
abre em flor
nossa libido
desfia o tecido
expõe teu nu mais róseo
liberta teus perfumes
mais íntimos
como num bem me quer
pétala
por
pétala
em cada desejo
mais amor
e de beijo em beijo
minha língua
veste teu sabor
de fina seda
cobre os meus sentidos
abre em flor
nossa libido
desfia o tecido
expõe teu nu mais róseo
liberta teus perfumes
mais íntimos
como num bem me quer
pétala
por
pétala
em cada desejo
mais amor
e de beijo em beijo
minha língua
veste teu sabor
várzea das letras
asas incrédulas
pela várzea das letras
assombrosas libélulas
e foscas borboletas
sob o lodo
a decomposição de palavras
como em um caldo de todo
poema de antigas lavras
asas
em torno às taboas
e acima das casas
e como fantasmas
em torno às lagoas
entre montes e versos
todo o vale resiste intacto
feito de sonhos dispersos
num limbo como num pacto
no lusco fusco
eterno e tempo à parte
inexiste algum risco
de sonho ser arte
a girar pelos ares
sobre as asas concretas
inexistem aos milhares
inexistem os poetas.
"ler não passa de uma lenda... p.leminski"
pela várzea das letras
assombrosas libélulas
e foscas borboletas
sob o lodo
a decomposição de palavras
como em um caldo de todo
poema de antigas lavras
asas
em torno às taboas
e acima das casas
e como fantasmas
em torno às lagoas
entre montes e versos
todo o vale resiste intacto
feito de sonhos dispersos
num limbo como num pacto
no lusco fusco
eterno e tempo à parte
inexiste algum risco
de sonho ser arte
a girar pelos ares
sobre as asas concretas
inexistem aos milhares
inexistem os poetas.
"ler não passa de uma lenda... p.leminski"
SambA
samba
de braseiro
e brasileiro
pelo contorno
do rio
de janeiro
à janeiro
quando em torno
se avista
um país inteiro
que paulista
quase samba
de braseiro
e brasileiro
pelo contorno
do rio
de janeiro
à janeiro
quando em torno
se avista
um país inteiro
que paulista
quase samba
RumbA
rumba
de fidelidade
ao castro casto
não fosse quase
talvez em tese
fosse a ilha
maravilha
senão americano
então cubano
quase rumba
de fidelidade
ao castro casto
não fosse quase
talvez em tese
fosse a ilha
maravilha
senão americano
então cubano
quase rumba
RocK
rock n’ rolo
yank de domingo
fosse rumba
fosse samba
som de gringo
talvez fizesse
então sentido
ou não fizesse
apenas fosse
en verdad
cuba libre
cachaça
com gengibre
toda graça
à cuba e brasil
e bush fosse
marca de bombril
yank de domingo
fosse rumba
fosse samba
som de gringo
talvez fizesse
então sentido
ou não fizesse
apenas fosse
en verdad
cuba libre
cachaça
com gengibre
toda graça
à cuba e brasil
e bush fosse
marca de bombril
gozo cometa
meia noite
absurda e muda
meia a meia
minha e tua
cósmica
orgásmica
muy rica
expunha a pica
e punha à boca
junto à estrelas
noite louca
e nua
de língua
na teta
minha e tua
me gozo cometa
te gira
o planeta
em torno da lua.
absurda e muda
meia a meia
minha e tua
cósmica
orgásmica
muy rica
expunha a pica
e punha à boca
junto à estrelas
noite louca
e nua
de língua
na teta
minha e tua
me gozo cometa
te gira
o planeta
em torno da lua.
ontem apocalipse
e se fosse
ontem
apocalipse?
leminski, 1.12 - 6
“o fim rimará
com início,
e do pó
por amor
e por vício
a vida recomeçará”
-stop, play life
in reverse order
essof missa es
!méma
ontem
apocalipse?
leminski, 1.12 - 6
“o fim rimará
com início,
e do pó
por amor
e por vício
a vida recomeçará”
-stop, play life
in reverse order
essof missa es
!méma
quem manda?
rola no berço
em choro estridente
reivindica o seu leite
tão pequena
mas manda até no poema
que interrompi
ao ouví-la chorando
e lá vai adília botando
os peitos pra fora
ta na hora
isabelinha não se esquece
manda quem pode
quem tem juízo obedece
em choro estridente
reivindica o seu leite
tão pequena
mas manda até no poema
que interrompi
ao ouví-la chorando
e lá vai adília botando
os peitos pra fora
ta na hora
isabelinha não se esquece
manda quem pode
quem tem juízo obedece
guerra
ao amor
armas eu trago
pedras, poemas, afago
no lago
as pedras eu lanço,
os poemas viram música
e eu danço,
o afago é fogo e não apago
avanço
aceso e desarmado
e na guerra que eu não venço,
também não saio derrotado.
armas eu trago
pedras, poemas, afago
no lago
as pedras eu lanço,
os poemas viram música
e eu danço,
o afago é fogo e não apago
avanço
aceso e desarmado
e na guerra que eu não venço,
também não saio derrotado.
bebo o baco
venho vinho
e trinco a taça
brindo sozinho
à boca bebaça
tanto o tinto
quanto o branco
quando muito
tonto e franco
ébrio e fraco
bebo o beco
o grito e o eco
o próprio boteco
bebo tanto
bebo o baco
e cuspo um santo
e trinco a taça
brindo sozinho
à boca bebaça
tanto o tinto
quanto o branco
quando muito
tonto e franco
ébrio e fraco
bebo o beco
o grito e o eco
o próprio boteco
bebo tanto
bebo o baco
e cuspo um santo
parLamento
uma mão lavra outra
palavra nunca é vão
uma mão livra outra
palavra luva e mão
uma mão leva a outra
palavra nunca é não
uma mão louva outra
palavra lava então.
Rodrigo Mebs & Cláudia Gonçalves
palavra nunca é vão
uma mão livra outra
palavra luva e mão
uma mão leva a outra
palavra nunca é não
uma mão louva outra
palavra lava então.
Rodrigo Mebs & Cláudia Gonçalves
fruta farta
néctar de um pomar , amor de amora,
frutos das árvores genealógicas
gerando flores e mulheres, pela aurora
e pela flora no rumo dos ramos. como
na ruma das rimas, das obras primas
e tias e sobrinhas, impressas nos genes,
expressas nos gênesis destas tantas
frutas santas, destas glórias e cecílias
e alices e clarices tão suaves e míticas
e mitológicas ou muito lógicas e líricas.
singelas rosas, nocivas cobras e harpias
estrelas brilhantes anteriores ao haja luz
de venenos de língua através das raízes
e antídotos de vozes por outras ruizes.
eu te digo ame a todas, coma a carne
lambuzando os lábios. apalpe o poema
sugue o sumo pelo prumo, dilacere a polpa
mas poupe a fruta, a fruta farta, a poesia!
frutos das árvores genealógicas
gerando flores e mulheres, pela aurora
e pela flora no rumo dos ramos. como
na ruma das rimas, das obras primas
e tias e sobrinhas, impressas nos genes,
expressas nos gênesis destas tantas
frutas santas, destas glórias e cecílias
e alices e clarices tão suaves e míticas
e mitológicas ou muito lógicas e líricas.
singelas rosas, nocivas cobras e harpias
estrelas brilhantes anteriores ao haja luz
de venenos de língua através das raízes
e antídotos de vozes por outras ruizes.
eu te digo ame a todas, coma a carne
lambuzando os lábios. apalpe o poema
sugue o sumo pelo prumo, dilacere a polpa
mas poupe a fruta, a fruta farta, a poesia!
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