pouco me lixando

meu verso é lixo
e recolho pelo chão da sala
pelo piso da cozinha, atrás dos móveis
por debaixo dos tapetes
em meio a restos de tão pouco
montanhas e mais montanhas de ainda menos

nas prateleiras não há nada, leve o quanto quiser.

minha rua é um deserto
a vizinhança é o meu peito aberto
cravado de balas e migalhas de biscoito

estou sempre convidado a beber meu chá das oito
que às cinco é outra droga, algum esterco tipo oriental
e das seis às sete pratico yôga e me perco no quintal.

eu sou meu próprio eco, meu reflexo no espelho
é quando a deus mais me assemelho

eu sou meu lar
doce e amargo endereço, qualquer lugar
sou eu mesmo a qualquer preço
respiro meu próprio ar

eu sou meus versos, sou todos os meus lados
meus passados passos reciclados

prazer, me chamam rodrigo!

eu sou tudo que trago comigo
e não descarto por puro romantismo.

sou isso mesmo
sou meu mais nobre e repugnante monte de lixo.

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